sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Preconceito Religioso

Preconceito Religioso


        Gostaria de compartilhar o trabalho que realizei na interdisciplina do seminário Integrador VI, sobre preconceito.
       Era uma vez uma escola laica, onde a mesma entrou em um período de greve e ocupação. Existia uma professora contratada, que além de docente era também catequista de uma paróquia da religião católica.
     A professora por motivos particulares não acreditava na greve como solução, sendo que muitas vezes todas as últimas greves anuais foram "furadas" e os professores só retornavam as suas atividades sem nada a conquistar, a não ser dias letivos para recuperar, portanto a professora por "pressão de colegas" fez período reduzido até a escola ser ocupada por alunos na semana seguinte.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               Quando acabou a ocupação naquela escola, a vice-direção, junto com a supervisão apresentaram o calendário de recuperação dos dias letivos a serem recuperados pelos professores. A professora não concordava com aquela situação, porém aceitava. Disse que iria recuperar os dias da ocupação e também os períodos reduzidos, ou seja, a carga horária do aluno por direito, porém a educadora se propôs a recuperar a carga horária aos sábados no turno da tarde, ficar após o seu horário de trabalho se fosse preciso, também se necessário e em último caso se não tivesse outra solução ela iria recuperar o dia letivo do aluno no mês de janeiro, no período de férias, mas nenhuma das opções a vice-direção da escola aceitou. A vice-direção declarou-se como autoridade máxima dentro do ambiente escolar na ausência do diretor (a), e como "autoridade" máxima disse que todos os professores iriam recuperar os dias letivos apenas nos sábados no turno da manhã. A educadora dirigiu-se até a vice-direção explicando que não poderia recuperar nos sábados no turno da manhã, porque era catequista há um ano de uma paróquia e que não poderia deixar desassistidas aquelas crianças na catequese também, porque já havia assumido esse compromisso há um ano e não poderia abandonar no meio do caminho. A vice-direção não aceitou os argumentos da professora, falou que não era Deus que iria pagar as contas dela no final do mês, que aquele era o único horário que a escola iria recuperar os dias letivos e que a professora desse um jeito de ir trabalhar e exercer sua função no sábado de manhã, sendo que ela não poderia ir.  A  educadora sem saber o que fazer continuou horando seu compromisso com as crianças da catequese, porém a educadora foi chamada em particular na sala da vice-direção, junto com a supervisão na segunda-feira seguinte.
    A vice-direção conversou com a professora de forma inadequada, perguntou novamente se era Deus que pagava as contas dela. A professora respondeu dizendo que não era Deus que pagava a suas contas, mas que se ela tinha um trabalho era agradecendo a Deus que concedeu aquela vaga para ela.
Então a diretora perguntou:
     - Então Deus vem a frente do teu trabalho?
     A professora respondeu: 
    - Sim, tudo o que eu tenho trabalho, estudo e família devo a Deus, e me comprometi com o padre da igreja muito antes da ocupação da escola em catequizar essas crianças, portanto não irei deixar de honrar meu compromisso. Não estou me negando a recuperar a carga horária aos sábados no turno da tarde, ficar após o meu horário de trabalho se for preciso, também se necessário e em último caso se não tiver outra solução iriei recuperar o dia letivo do aluno no mês de janeiro, no período de férias, mas novamente nenhuma das opções a vice-direção da escola aceitou. Declarou novamente que a escola só iria deixar recuperar as aulas aos sábados de manhã e que a professora deixasse um pouco de ser beata de igreja e o "padreco de lado".
     A vice-diretora declarou-se da religião espírita e disse que não acreditava em nada da doutrina do catolicismo. 
     A professora porém respondeu:
   - Respeito sua crença, por favor, respeite a minha também.
     A vice-diretora respondeu: eu respeito o teu Deus, desde que ele não interfira no teu trabalho.
    A professora chorando pediu para encerrar a conversa e garantiu que iria dar um jeito de recuperar os dias letivos de seus alunos.
    A vice-diretora levantou-se, saiu da sala deixando a  professora na presença da supervisora que disse:
    Supervisora: - Não esquece que você é professora contratada.
    A professora então respondeu: Eu sei, posso até sair daqui, mas antes de sair posso muito bem entrar com uma ação contra ela por assédio moral e preconceito religioso, porque muitos colegas meus não estão recuperando seus dias letivos, porém só eu fui chamada aqui. Não estou me negando de recuperar os dias letivos, só expliquei que eu não poderia naquele turno. 
   A conversa então encerrou-se assim.
   Infelizmente a professora teve que mudar toda a sua rotina do sábado e mexer na vida daqueles pequenos catequizando que estavam envolvidos. A professora catequista teve que explicar toda a situação de conflito que estava acontecendo na escola para o padre, inclusive o motivo pelo qual ela teria que deixar de ser catequista e pediu para o padre encontrar outra catequista para colocar em seu lugar.
   O padre com sua infinita bondade disse para a professora que o trabalho dela com as crianças era lindo, portanto a catequese iria passar para o sábado a tarde, para que a catequese não interferisse na sua vida profissional na escola, assim nenhuma criança da escola e da catequese da igreja iria ficar desassistida.
   A professora portanto conseguiu recuperar os dias letivos dos seus alunos na escola onde trabalhava, nos sábados de manhã, de agosto até dezembro, conforme queria a vice-direção da escola. Conseguiu também continuar sendo catequista aos sábados a tarde.
  No ano seguinte, a professora foi substituída em seu trabalho por uma professora nomeada.   

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